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quinta-feira, 12 de abril de 2012

48. MATAS DO SERTÃO DE BAIXO (BA).

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA DO TEXTO:
http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=53965

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REFERÊNCIA DA FOTOGRAFIA,
HISTORIADORA CONSUELO PONDÉ:

http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=16425467&hl=pt-BR
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Ponto de Vista.
Matas do Sertão de Baixo.
Publicada: 21/07/2010 00:12| Atualizada: 20/07/2010 23:46
Consuelo Pondé de Sena.


Logo que “Matas do Sertão de Baixo” foi lançado em Salvador, em 1967, adquiri-o, lendo-o encantada tal a quantidade de informações nele contidas. Mais tarde, passei a empenhar-me para que fosse reeditado, não somente pela importância de que se reveste para a bibliografia regional baiana, como pela sua raridade nas bibliotecas de hoje.

Para promover esta nova tiragem, escutou-me o apelo a sensibilidade da professora Maria Nadja Nunes, diretora da editora da Uneb, a quem se deve, em última análise, esta nova tiragem.

Faltava, porém, obter a necessária autorização da família Isaías Alves, para cujo fim empenhou-se, pessoalmente, o sobrinho do autor, Dr. Aristeu Almeida. Graças à sua disponibilidade em vencer o trâmite legal, foi em companhia da mencionada professora Nadja à residência da Sra. Wanda Alves de Almeida, viúva de Edgard Almeida, filho do autor, a fim de obter o seu assentimento, decisão generosa que lhe ficamos a dever pelo alto desprendimento.

Isaías Alves de Almeida, com quem tive honra de conviver quando diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, por ele fundada nos idos de 1941, era uma dessas personalidades marcantes, um educador de conceito nacional, autor de inúmeros livros e artigos sobre sua área de atuação.

“Matas do Sertão de Baixo”, porém, é um livro de recordação, de amor pela terra natal, Santo Antônio de Jesus, e áreas vizinhas. Obra fundamental para a compreensão do povoamento da fértil região. É uma narrativa valiosa sobre as paisagens e a gente daquelas extensas terras verdejantes, entrecortadas de límpidos e piscosos rios e riachos, numa sucessão infinita de paisagens desse “domínio tropical”. Considero o Vale do Jequiriçá um dos mais belos lugares do interior deste Estado.

O livro de Isaías é uma narrativa de caráter histórico-geográfico, exposto com admirável clareza e sensibilidade. Inclui também dados do passado, conversas de pé de ouvido e segredos “escondidos” debaixo de “sete capas” das velhas famílias da região. Depoimentos curiosos de antigos proprietários e testemunhos de escravos compõem um quadro sociológico de profundo interesse.

O Sertão se sucedia ao Recôncavo baiano, terra do massapé, paraíso dos proprietários e senhores de engenho, inferno dos escravos envolvidos na labuta estafante da lavoura açucareira.

A Primeira Parte da obra intitula-se: “Luta dos Três Rios”, descrição curiosa do papel representado pelos cursos d´àgua na sobrevivência da gente e das culturas agrícolas.

A Segunda, “Viagem Sentimental Pelas Fazendas e Povoados”, está narrada com emoção e amor à terra natal, mas também com apego às regiões circunvizinhas. São descrições movidas pelo sentimento e banhadas de reminiscências acerca de pessoas, fatos, espaços domésticos e senzalas.

Nada escapou à rememoração do passado perdido nas névoas do tempo. Não sei de outro escritor daquelas paragens verdejantes que tenha, até hoje, escrito síntese tão preciosa das terras dos meus ascendentes maternos.

Isaías Alves repete conversas escutadas na infância, bem assim o palavreado inculto dos que lhe recordavam o que se observara por aquelas bandas.

Velhas e terrificantes histórias de escravos e das penas que os infligiam os perversos senhores. Punições e castigos perpetrados contra os desgraçados. Velhos costumes, hábitos do passado, escorrem pela pena fluente de Isaías, avivados pela prodigiosa memória, que reteve tanta informação. Também escreve sobre o “clima de insegurança” que se instalou nas velhas fazendas, suicídio dos senhores arruinados depois do 13 de maio.

Distintos tipos humanos são narrados minuciosamente, como se projetados numa película. Velhas cantigas, parlendas em desuso. Moças formosas e garridas que mal “debuxavam” o nome, sempre escondidas no recesso do lar, onde estavam protegidas dos casamentos indesejáveis.

Mas, há casos e mais casos, também, de mulheres que transgrediam as regras familiares e escapavam com os seus eleitos, nas friagens da madrugada, para alegria dos apaixonados e desmedido desgosto dos pais e parentes.

E que dizer dos pedidos de casamento sem que os noivos sequer se conhecessem? E a decisão dos “carrancudos” pais que ao serem solicitados para dar a mão em casamento à filha mais nova, decidindo, por conveniência, conceder a de outra, mais velha e menos formosa, que estava “enfusada”, sem possibilidade de encontrar outro pretendente.

O livro estará sendo lançado no dia 13 de agosto na Bienal do Livro, em São Paulo. Mais adiante, o ato acontecerá no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pelo interesse que manifestamos para que se efetivasse a reedição.

Festejemos esta vitória, porque ela é muito baiana e sendo baiana é toda nossa.


Publicada: 21/07/2010 00:12| Atualizada: 20/07/2010 23:46

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