REFERÊNCIA:
http://www.vertentes.ufba.br/o-municipio-de-santo-antonio-de-jesus-no-reconcavo-baiano
Por Silvana Araujo e Sônia Coutinho
O município de Santo Antônio de Jesus, considerado o município mais importante do Recôncavo Baiano, localiza-se a 187 Km de Salvador (por via terrestre), à margem da BR-101, e limita-se com os municípios de Aratuípe, Conceição do Almeida, Dom Macedo Costa, Elízio Medrado, Laje, Muniz Ferreira, Nazaré, São Felipe e São Miguel das Matas e Varzedo.
As primeiras ocupações do território do atual município de Santo Antônio de Jesus ocorreram durante os séculos XVII e XVIII, resultantes do processo de desbravamento empreendido pelos colonizadores Pero Carneiro e D. Álvaro da Costa, que vieram juntar-se aos índios descendentes de Pedra Branca, que inicialmente habitavam a região. Apontam-se como fatores relevantes para o povoamento desta localidade a fertilidade de suas terras, a exuberância de suas matas, com valiosas madeiras de lei, a abundância dos recursos pluviais (rio Da Dona, rio Jaguaripe, rio Sururu e alguns riachos) que propiciava a plantação de cana-de-açúcar com o estabelecimento de pequenos engenhos; além da existência de tabuleiros próprios para a atividade agrícola, a qual teve como principal fonte de exploração o cultivo de mandioca.
No século XVIII já havia um grande número de lavradores de farinha, dentre os quais sobressaíam-se os nomes dos padres Mateus Vieira de Azevedo, José Ferreira de S. Paio e Bento Pereira. O padre Mateus Vieira de Azevedo é uma das figuras que mais se destacara no processo de desbravamento do município de Santo Antônio de Jesus. Sua residência, nas proximidades do rio Sururu foi transformada no primeiro povoado do município, onde foi erguido o oratório consagrado a Santo Antônio de Jesus. Em 23 de setembro de 1777, o oratório foi transformado em Capela, e em 19 de junho de 1852, foi elevada à categoria de Igreja Matriz.
Em torno da capela, onde atualmente encontra-se a praça Padre Mateus e a Matriz de Santo Antônio de Jesus, surgiram os primeiros arruamentos que deram origem ao município. Segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, (1958, p.36), no ano de 1875, Santo Antônio de Jesus alcançava, então, 9.654 habitantes, sendo destes 4.000 escravos e 3.000 estrangeiros que viviam no seu território, onde o analfabetismo atingia a 8.320 pessoas.
Foto atual da Praça Padre Mateus, com a Igreja Matriz.
Em 29 de maio de 1880, de acordo com a Lei 1952, a freguesia da paróquia de Santo Antônio de Jesus foi elevada da categoria de vila, desmembrando-se dos municípios Nazaré, São Miguel e Nova Laje. Em 30 de julho de 1891, o governo do Estado elevou a vila à categoria de cidade, ano em que ocorreu a inauguração da estrada de ferro, da qual Santo Antônio de Jesus seria fim de linha durante uma década, ocasionando um grande impulso para o desenvolvimento comercial do município.
Esse município sempre apresentou uma riqueza nas suas tradições religiosas e culturais, com destaque para os festejos do padroeiro do município, em que se realiza a famosa trezena de Santo Antônio. Também são festejados os dias de São João, São José e São Benedito.
A história do município também foi fortemente marcada por embates políticos, havendo a existência de centros abolicionistas, republicanos, conservadores e liberais.
Atualmente, esse município, também denominado de Cidade das Palmeiras, devido a suas palmeiras seculares (de que hoje restam alguns exemplares no centro da cidade), possui uma extensão territorial de 252 Km² e apresenta um clima salubre e chuvoso, com as estiagens ocorrendo de setembro a março, sem que se possa considerar período de seca.
Segundo dados do IBGE (Censo Demográfico de 2000), a população local consta de 77.368 habitantes, dos quais 66.247 residem na zona urbana do município e 11.121 residem na zona rural. O município, com uma taxa de crescimento anual de 1,83, recebeu uma estimativa de sua população, formulada pelo IBGE, no ano de 2003, de 81.384 habitantes.
Em termos econômicos, o município de Santo Antônio de Jesus vive basicamente do comércio local, que hodiernamente vem se consolidando como um grande pólo comercial, para onde se dirige um grande número de consumidores atraídos pela grande oferta de produtos, dos quais se destacam aqueles do ramo de confecção, móveis e eletrodomésticos. Assim, na sede do município, há um shopping center, várias galerias e lojas, mas não se pode deixar de se mencionar a grande feira-livre que ocorre no centro da cidade, atraindo um grande número de pessoas que lá vão adquirir produtos cultivados na zona rural do município ou ainda produtos como roupas e utensílios domésticos vendidos por ambulantes que muitas vezes são oriundos de municípios vizinhos.
Quanto à existência de indústrias na região, apenas no ano de 2003, foi inaugurada uma grande indústria, do ramo de calçados - sendo recebida pela população local como uma grande promessa de emprego. Sempre houve, no entanto, na região, microindústrias, voltadas para a produção de fogos e de vassouras.
Na zona rural do município, vem se assistindo a uma crescente migração da população para a sede do município, motivada pelas melhores condições de vida que a cidade oferece como, por exemplo, acesso à educação, à assistência médica e a ofertas de trabalho. Nesse sentido, algumas pessoas residentes da zona rural, informantes do Projeto Vertentes, noticiaram que, até o final da década de setenta e início dos anos oitenta, a zona rural era mais povoada, pois havia na região um grande número de pequenas propriedades agrícolas, onde se cultivava lavouras de fumo, mandioca, cana-de-açúcar, laranja, amendoim, café, feijão, milho e também o cultivo de flores, principalmente, de angélicas; mas que foram perdendo espaço, uma vez que, as pequenas propriedades estão sendo compradas por pessoas influentes da região, que as agregam a fazendas maiores, formando latifúndios para a criação de gado bovino. Restando, portanto, um pequeno número de habitantes que ainda sobrevivem no campo graças à agricultura de subsistência, em especial, o cultivo da laranja e de limão, bem como de suas mudas, as quais são comercializadas na sede do município e em outras cidades.
O antigo prédio da Cadeia Pública abriga hoje o Centro Cultural da cidade de Santo Antônio de Jesus.
FONTES
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - Volume XXI. Rio de Janeiro, 1958. (Uma publicação do Instituto de Geografia e Estatística)
IBGE, Censo Demográfico 2000 – Malha Municipal Digital do Brasil, 1997.
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